Denúncia de assassinato do jornalista Robson Giorno revela trama de extorsão e vingança
Em 2019, o assassinato brutal do jornalista Robson Giorno, proprietário do jornal “O Maricá”, chocou a cidade de Maricá, no estado do Rio de Janeiro. Três anos depois, novas revelações feitas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) trouxeram à tona uma teia de crimes envolvendo extorsão, vingança e disputas políticas, apontando o deputado estadual Renato Machado (PT) como mandante do crime. O deputado nega qualquer envolvimento, mas a promotoria acredita que a trama tenha sido motivada por vingança e questões financeiras, ligando várias pessoas ao homicídio de Giorno.
O papel de Vanessa da Matta Andrade, a “Vanessa Alicate”
Uma figura central nas investigações do MP é Vanessa da Matta Andrade, conhecida como “Vanessa Alicate”. De acordo com a promotoria, ela teria atuado como informante de Robson Giorno, repassando informações em troca de pagamentos. No entanto, após um desentendimento com o jornalista — que supostamente não cumpriu com os pagamentos devidos pelos seus serviços — Vanessa decidiu procurar dois amigos para executar o assassinato de Giorno.
Os amigos em questão, Rodrigo José Barbosa da Silva, conhecido como “Rodrigo Negão”, e Davi de Souza Esteves, o “subtenente Davi”, teriam sido os responsáveis diretos pela execução do crime, segundo o MP. Vanessa, em retaliação pela suposta quebra do acordo financeiro e por um desentendimento relacionado a reportagens publicadas por Giorno, teria planejado o homicídio e coordenado o contato com os executores. Uma das matérias publicadas por Giorno teria sido particularmente ofensiva para Vanessa, ao divulgar uma possível gravidez dela, fruto de uma suposta relação extraconjugal com Renato Machado, o que gerou grande atrito entre os envolvidos.
Extorsão e ameaças envolvendo Renato Machado
As investigações apontam que Robson Giorno mantinha uma relação complicada com diversos políticos de Maricá, entre eles o deputado Renato Machado. Giorno teria utilizado seu jornal para expor escândalos locais e, segundo testemunhas, teria tentado extorquir dinheiro de políticos para evitar a publicação de determinadas matérias. Renato Machado, uma figura influente na política local, foi um dos alvos frequentes das investidas do jornalista.
Conforme relatado pelo Ministério Público, Renato Machado não apenas foi alvo de extorsão por parte de Giorno, como também é acusado de ter ordenado sua morte. Segundo a promotoria, o deputado “foi o mandante do assassinato, planejando, determinando e dirigindo a atividade criminosa”. Esta acusação está fundamentada no depoimento de testemunhas e na reconstrução dos fatos, que indicam que o crime foi encomendado como resposta às ameaças e tentativas de extorsão feitas pelo jornalista.
Investigação e prisão dos envolvidos
Além de Renato Machado, o Ministério Público denunciou mais três pessoas: Vanessa da Matta Andrade, Rodrigo José Barbosa da Silva, e Davi de Souza Esteves. Os três chegaram a ser presos preventivamente durante as investigações, mas atualmente respondem ao processo em liberdade. O MP apresentou a denúncia formal contra os quatro por homicídio qualificado, sendo Renato Machado apontado como o mandante do crime, enquanto os outros três teriam participado diretamente da execução.
O caso ganhou nova força recentemente com o avanço das investigações e a formalização da denúncia pelo MP, que busca responsabilizar os envolvidos pela morte de Robson Giorno. Além das questões envolvendo extorsão e vingança, a denúncia também destaca o ambiente de rivalidade política existente em Maricá, onde Giorno exercia um papel crítico e influente através de seu jornal.
Outras acusações contra Renato Machado
O deputado Renato Machado, além de enfrentar as acusações de envolvimento no assassinato de Robson Giorno, também está sendo investigado por outros crimes relacionados a corrupção e desvio de dinheiro público. Segundo o MP-RJ, Renato teria liderado uma organização criminosa em Maricá entre 2019 e 2022, desviando recursos públicos para benefício próprio e de seus aliados.
Um dos casos em que Renato está envolvido inclui a suspeita de superfaturamento na venda de um terreno para a prefeitura de Maricá, onde atualmente funciona um centro esportivo. De acordo com as investigações, o terreno pertencia a Reginaldo Machado, primo do deputado, e teria sido vendido por um valor superfaturado, causando um prejuízo estimado em mais de R$ 600 mil aos cofres públicos. O MP acredita que Renato Machado recebeu parte desse valor como pagamento pela facilitação do negócio.
Defesa de Renato Machado
Renan Gavioli, advogado de Renato Machado, negou todas as acusações feitas contra seu cliente, tanto em relação ao assassinato de Robson Giorno quanto às denúncias de corrupção. Segundo Gavioli, Renato sempre colaborou com as investigações e prestou depoimentos detalhados à Polícia Civil, refutando qualquer envolvimento no homicídio. O advogado também afirmou que a acusação do MP se baseia em depoimentos isolados e que não há provas concretas que liguem o deputado ao crime.
Em relação às denúncias de corrupção, Gavioli argumentou que Renato Machado não participou diretamente das negociações de terrenos em Maricá e que as acusações de superfaturamento são infundadas. Segundo ele, o terreno em questão já pertencia à família de Reginaldo Machado há mais de 30 anos, e não houve qualquer irregularidade na venda do imóvel para a prefeitura.
Impacto do assassinato na política de Maricá
O assassinato de Robson Giorno e as acusações contra Renato Machado geraram grande repercussão em Maricá e no cenário político do Rio de Janeiro. Giorno era conhecido por criticar abertamente os políticos locais em seu jornal, e sua morte foi interpretada por muitos como uma tentativa de silenciar a imprensa e intimidar outros jornalistas que atuam na região.
Desde o assassinato, outros jornalistas de Maricá relataram um aumento nas ameaças e intimidações, levantando preocupações sobre a liberdade de imprensa e a segurança dos profissionais da mídia. Organizações de defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), condenaram o assassinato de Giorno e pediram uma investigação rigorosa para garantir que os responsáveis sejam punidos.
Conclusão
O caso envolvendo o assassinato de Robson Giorno ainda está em andamento, com a expectativa de que novos desdobramentos surjam à medida que as investigações do Ministério Público avancem. A denúncia contra Renato Machado e os outros três acusados levanta questões importantes sobre a segurança dos jornalistas no Brasil e sobre a relação entre política e criminalidade em algumas regiões do país.
Enquanto o processo judicial segue, a sociedade civil e as organizações de imprensa continuam a pressionar por justiça no caso de Robson Giorno, reforçando a importância de uma imprensa livre e independente para o funcionamento da democracia.
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